A sensação de estar fora de casa pode demorar para passar e, em alguns casos, pode ser que nunca passe. Algumas pessoas enfrentam a realidade de que a cada esquina, cada lugar novo, cada novo conhecido, fazem com sintam ainda mais saudade do que ficou para trás.
Como psicóloga, acompanhando pessoas em seus processos de imigração, percebi quão impactante pode ser o desafio da adaptação. Essa montanha chamada adaptação pode se tornar ainda maior quando uma parte da família se adapta tão bem que não pensa em voltar e outra não pensa em ficar. Em alguns casos, dentro da própria família, cada um considera que seu lar está em diferente lugar.
Quem decide imigrar é adulto (eu sei que crianças e adolescentes também imigram junto com a família, mas não vem deles a decisão, pelo menos não deveria vir, mesmo que eles possam ser peças importantes no levantamento de prós e contras). Como adultos precisamos aprender a ser responsáveis pelas nossas decisões. Imigrar pode dar errado? Pode. Você pode não conseguir se adaptar? Sim. E é preciso ter coragem para aceitar o que isso significa. Caso você não conseguia se adaptar, você pode voltar. Talvez pareça simplista demais e você esteja pensando: não, eu não posso voltar. Não tenho essa opção. A verdade é que a opção sempre existe, o que muitas vezes não estamos dispostos é em dar conta do que essa decisão significa e de coisas que precisaremos abandonar (qualidade de vida, melhor emprego, etc).
Se voltar não é a sua decisão talvez você precise rever o que é, para você, a adaptação.
O processo de adaptação acontece quando paramos de comparar, quando deixamos de querer transformar o novo lugar em nossa antiga casa e percebemos que não teremos nossa antiga casa em nenhum outro lugar e que ao imigrar ganhamos de “brinde” a saudade que sempre vai nos acompanhar.
Adaptação não é se sentir como você se sentia antes e sim aprender a se sentir bem, agora, onde você está.
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Talitha Vergara
Psicóloga e Imigrante
Instagram: @talivergara
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